segunda-feira, 23 de maio de 2011

A menina e o silêncio

A mãe sempre dizia que era uma criança diferente. Não fazia barulho quando estava sozinha e, por vezes preocupada, a mãe vinha ver se a pequena menina estava bem. A mãe compreendeu que a filhinha, apesar de ser uma criança falante e alegre, precisava de seus momentos de silêncio e passou a não se preocupar.
A menina crescia dessa maneira: falante e extrovertida, porém com os seus momentos de silêncio, que para os outros membros da família eram confundidos com tristeza ou mesmo fome. Passava algumas horas sozinha e gostava daquilo. Aquilo a tranquilizava, acalmava seu coração.
Aqueles momentos eram como se fossem conversas com Deus. Conversas silenciosas, profundas e cheias de amor, conversas nas quais a menina podia ser sincera, podia ficar brava, podia dividir as inquitações e preocupações diárias que carregava em seu jovem coração. Por vezes chorava, por vezes doía e todas às vezes, mesmo em sem que uma palavra saisse de seus lábios, era confortada, renovada, ficava em paz.

domingo, 8 de maio de 2011

Assim caminha a humanidade...

Twittando agora pouco com um amigo, escrevi as seguintes palavras: "Qual será a notícia da semana? Qual será a nova tragédia que meus olhos hão de ver e meus ouvidos doer de ouvir?" e ele me chamou de pessimista. Será que de fato sou ou me acostumei a esperar o pior da humanidade? Triste, deveras triste, mas o fato é que vivemos de tragédia em tragédia, de catástrofe em catástrofe, de morte em morte. Nada nos choca, nada nos abala. Nos acostumamos com o feio, com o ruim que quando algo como o casamento de outrém ocorre e é um evento mundial, ficamos bravos, pois queriamos ver o que de fato está acontecendo, ou seja, qual a tragédia do momento. Sim, somos assim.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Por que meus olhos se encheram de água?

Domingo. Não, já era segunda, creio eu. Já passava das 0h, quando uma vinheta de plantão interrompeu a programação da Globo News. Confesso que senti um calafrio sinistro percorrer minha espinha. Essa vinheta só poderia significar duas coisas: morte ou tragédia.
A notícia demorou-se algum tempo para ser processada por meus neurônios ainda preguiçosos do fim de semana: Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, foi morto pelos americanos. Por que meus olhos se encheram de água?
Minha memória volta no tempo. 2001. Setembro. Manhã do dia 11. Chocada, assisti sem entender àquelas imagens de aviões chocado-se contra duas torres muito altas, que depois vim a saber que era o World Trade Center, em Nova York. Tive medo. Vi pessoas desperadas, chorando, se jogando do prédio para se salvar e senti um clima de tensão crescente no mundo, sem entender muita coisa. Tinha 11 anos. Meus olhos se encheram de água.
Passei minha adolescência assistindo uma caçada pelo mundo atrás do suposto mandante do atentado, Osama Bin Laden. Passei metade da minha vida vendo a mídia mostrar os filhos de Ismael, os mulçumanos, como terroristas e fanáticos religiosos, quando na verdade, os mulçumanos são irmãos dos cristãos e judeus de todo o mundo pelas raízes históricas comuns que possuem.
No dia 11 de setembro de 2001, a História era feita sob meus olhos. Nunca sabemos quando isso acontece, quando somos expectadores da História ou talvez nunca temos noção de que a História de desenrola em nosso dia a dia. Só vamos entender a dimensão das coisas depois de ter passado.
Primeiro de maio de 2011 já pode ser considerada uma data importante. A presa foi encontrada e seus caçadores exultam com sua morte. Pergunto-me se seria esse o fim dessa história. Sei que não. Muito sangue ainda será derramado nessa trama e ainda hei de ter meus olhos cheios de água mais vezes, seja de alívio, dor ou compaixão.