sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Histórias Não Terminadas I

As noites passavam na vida dela, tão somente passavam sem deixar marca alguma. A moça ficava trancafiada em seu quarto do alto de seu prédio, imaginando uma vida que ela simplesmente não tinha. Amores que não eram os seus. Amigos que não lhe pertenciam. Tangos que ela nunca dançara. Lá fora, o inverno dos trópicos castigava os amantes da noite, com um frio impiedoso de julho. O único som que se ouvia de dentro do quarto de Anna eram os acordes melancólicos de um tango.
Ela estava sentada próximo a porta da sacada de seu aposento. Seu olhar tristonho vagava pelo céu, observando o passeio da lua. Nada mais melancólico do que aquela cena. Uma sexta à noite, um tango e uma moça solitária a espiar a lua enquanto a vida fora de sua casa, era agitada e intensa. O ambiente, que aquela jovem mulher estava, era típico da solteirona depressiva de sexta feira à noite, só lhe faltava os chocolates e a taça de vinho.
Ela era jovem, tinha terminado a faculdade, era independente, tinha tudo o que uma garota de sua idade poderia querer de certa forma, mas como toda solteirona sofredora que se preze, algo faltava. É o que dizem, sorte no jogo, azar no amor. Ela levou algumas rasteiras do amor durante a adolescência, isso lhe causara um certo trauma que ela julgava ser insuperável. Com o passar dos anos e sua passagem para a vida adulta, tornou-se o tipo de pessoa irônica e sarcástica, que adora ser fazer de vilã e destruir os sonhos das pessoas. Resumindo, ela se tornou o tipo de gente que conta pra criança, por puro prazer, que Papai Noel não existe.

[Trecho de uma história que não terminei]

Inquietções Familiares

A família deveria ser nosso porto seguro, uma rede de apoio e afetos, que desde o ventre materno nos acolhe.
Deveria, mas nem sempre é assim. Às vezes, quando precisamos de palavras amigas, tudo o que ouvimos são palavras duras que nos ferem e nos machucam.
Quando precisamos de reconhecimento, tudo o que nos dizem é que não fizemos nada além de nossa obrigação.
Quando fazemos burrada, tudo o que fazem é apontar os erros nossos e condenar-nos culpados sem julgamento prévio.
Às vezes, nascemos em meio a um eterno conflito de gerações, que somos obrigados a escolher um lado e carregar rancores e mágoas que não são os nossos.
Eles não percebm mais isso nos afeta, nos machuca.
A família tem que ser o nosso colo e não, os primeiros a apontar nossos defeitos. Se precisamos de apoio, de palavras amigas ou um reconhecimento por algum feito nosso, quer dizer que não encontramos tudo isso lá fora e precisamos buscar naqueles que amamos.
O amor e o carinho deveriam ser encontrados nas famílias, além de um pouco de tempo para se ouvir, respeito para se conviver e alguma troca. Afinal, todas as relações humanas são baseadas na troca de algo.
O seio familiar é o primeiro local em que temos contato com essa troca. Recebemos o que eles tem a dar e damos o que eles tem a receber, mesmo, às vezes, eles achando que somos novos demais para tal coisa.
Ao lavar a louca, gostaríamos de ouvir um "muito obrigado". Ao tirar uma boa nota, seja na escola ou no colégio, seria muito bem-vindo um "Parabéns". Ao realizarmos algo, queremos ser motivo de orgulho e não de indiferença.
Por quantas vezes, ouvimos o mundo nos aplaudir de pé e os lugares da nossa família, na platéia, vazios. Não queremos os aplausos de estranhos, às vezes, e sim, aqueles que nos é familiar.
Será que querer a família cumpra seu papel de nos dar base e suporte para voar é esperar demais deles? Será que a família se tornou um grupo de indivíduos que apenas compartilham o mesmo sobre nome e laços consanguíneos? Pensem nisso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Amor

AVISO: Este é um assunto do qual desconheço, mas me atrevo a percorrer sob os riscos de quebrar a cara.

Muitos se perguntam o que é o amor. Impossível dizer ao certo. Certa vez, li num livro da Lya Luft que "o mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade", creio que o amor seja da mesma forma. Cada um confere a ele um olhar e assim ele assume uma forma distante sob cada olhar.
Pode ser uma forma simples, sem muitos detalhes, mas que nos causa um boa sensação, algo agradável que não sabemos explicar.
Pode ser uma forma robusta com detalhes mil, mas superficial com uma sensação passageira.
O olhar que lançamos sobre o amor pode nos trazer belas paisagens.
Tardes preguiçosas de sol com uma brisa de perfume floral, onde preguiçosamente um casal se senta num banquinho de praça para ver o vento acariciar as folhas das árvores.
Ou então, noite de tempestade. Fortes trovões iluminando o céu noturno, grossas gotas de chuva castigando o asfalto, o vento com uma carícia violenta para com as árvores. E elas ali com raízes profundas apenas balançando na direção que o vento lhes dá.
O amor tem um significado diferente de acordo com que o vê, o sente, o toca. Lhe conferimos forma, cor, aroma, textura. Cada amor é diferente e ao menos tempo igual, pois o amor pode se contradizer.
Por isso, o amor não se pode explicar, apenas sentir.

Palavras

Palavras nos conferem vida. Foi com uma palavra que Deus criou tudo e com palavras, Adão deu nome à tudo.
As palavras nos dão forma, rosto, características, nome. Dão vida aos sonhos e as imaginações de escritores. Constroem mundos magníficos.
Mas também, empregadas de maneira errada, na hora que teria sido melhor calar, nos machucam, dilaceram, ferem mais que um tapa. São ficam gravadas como ferro em brasa em nosso peito.
Passam tão insignificantes aos nossos olhos e aos nossos ouvidos, que perdem sua beleza na rotina. Perdem o brilho que tinham na primeira vez que foram usadas.
Tantas vezes dizemos "eu te amo" que o significados de tais palavras se tornaram rotineiros, quando eram para ser especiais, sublimes. Quantas vezes ele é sincero?
Palavras nos ferem. Principalmente quando são daqueles que nos são queridos. Nos chocam.
Palavras tem um poder mágico e podem ser um consolo incrível. Os mais diversos sentimentos podem ser vestidos em palavras.
Com palavras, desabafo.
Com palavras, me entendo.
Com palavras, confiro vida aos meus pesamentos.
Com palavras, dou vida a minhas inquietações