sábado, 3 de dezembro de 2011

Essa história nossa

De tempos para cá, descobri algo que acho que é maravilhoso em mim. Não lembro quando exatamente aconteceu, mas acho que cresceu em mim com os anos e agora tem se tornado maduro e quase definido. E hoje vejo que minha trajetória me trouxe para esse ‘algo’ como uma pedrinha que rio carrega até determinado ponto.

Desde não sei quando, desenvolvi o interesse por ouvir boas histórias, histórias que fazem das pessoas que as contam fascinantes, únicas. A maioria das pessoas passa por coisas que para si são banais, mas para mim são como pérolas querendo ser descobertas, polidas, esperando por se tornarem boas pérolas.

Hoje vejo que algumas coisas pelas quais passei foram como preparação (ou o nome que você quiser dar para isso) para essa mania tão minha. Talvez o fato de eu cursar Jornalismo acrescente alguma técnica, algum método a essa loucura, como disse um dos personagens de Shakespeare em uma de suas peças (acho que é Hamlet).

Boas histórias me inspiram, me deixam maravilhada com o potencial das pessoas para vencer obstáculos e barreiras, me fazem querer ser alguém melhor e me fazem querer dividi-las com todos.

As histórias que ouço na faculdade, no ônibus, no trem, no metro não são espetaculares aventuras mágicas ou heróicas, mas histórias de gente simples ás vezes tristes outras tantas engraçadas, mas todas compõem a vida dessas pessoas junto com tantas outras. Pode ser a história de como a bisavó morreu depois de comer abacate*, mas aquela história faz parte da vida das pessoas, de quem elas são.

Talvez se fossemos definir a essência das pessoas chegaríamos a seguinte definição de que nada mais é do que a junção de muitas histórias que vieram antes delas, as que elas viveram e as que estão por viver. Cada pessoa, cada vida é uma história que tem sido contada ao vivo. Talvez nisso, nessa singularidade de histórias e vidas, more meu fascínio por essas pequenas histórias que de alguma maneira chegam aos meus curiosos ouvidos. É nisso que mora o meu deslumbramento ao ouvir uma história.  



*A história da bisavó é da minha bisavó. Conto em outra ocasião.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Palabritas en español.

Tengo miedo de cerrar mis ojos, por veces, pues mi imaginación me lleva demasiadamente lejos y yo no puedo estar completa en esos sitios maravillosos para donde ella vuela. Mi cuerpo, mi alma se quedan presos acá, en la rutina que me desgasta. Quizás esa sea la razón de no tener inspiración estos días.

domingo, 3 de julho de 2011

Acordes que tocam

É difícil definir qual o meu gosto para música. É algo intuitivo e um tanto espiritual, se assim posso falar. A música tem que ir além de bonita, para mim, ela tem que me tocar. Ela tem que trazer a tona com seus acordes e letras os mais diversos sentimentos nos mais variados momentos da minha vida.

Há músicas que me acalmam o coração
Há músicas que lavam minha alma
Há músicas que me fazem andar mais confiante
Há músicas que me fazem sorrir, outras me fazem chorar
Há aquelas que me transportam de lugar e num minuto fugaz me fazem sentir em outra época
Há aquelas que me fazem cantar algo
E outras só para escutar
Do jazz ao pop
Da bossa nova a ópera
Músicas devem dizer algo, significar algo...ter uma mensagem que se repita em minha cabeça e que se grave em meu coração.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Entre valsas e amores



Feche os olhos apenas por um instante e ouça. Não é uma valsa que toca? Numa calma serena, num ritmo cadenciado que faz o coração rodopiar. E logo na mente vem a imagem de um casal dançando com graça e leveza pela pista de dança. Ele trajado com um fraque e ela num vestido esvoaçante. Ali não são dois, mas um. Essa é a magia da valsa. Algo que talvez tenhamos perdido com o tempo, mas não é conveniente discutir isso agora.
Houve uma época em que o momento mais aguardado num baile, seja da alta sociedade ou dos menos abastados, era a valsa. Era o momento em que os jovens podiam conversar sem que estivessem os escutando. Era o momento que, entre a cadência suave da valsa e sussurros, surgiam paixões. Corações saltavam e faces tornavam rubras num instante. Olhares se encontravam. O toque, socialmente mal visto, ali não só era permitido como que obrigatório dentro de certos padrões, claro.
Por alguns instantes, entre o farfalhar das saias das senhoras e a música, o mundo parava e sumia ficando só o jovem casalzinho com os olhares tão fixos um no outro que pequenas faíscas poderiam ser vistas por um olho mais atento. E durante aquele sublime e majestoso momento, tão breve quanto a batida de um coração, no qual a jovem pouco abastada se tornava tão nobre quanto a princesa, se selava um acordo, um contrato de amor, que poderia perdurar pela vida ou até o final daquela valsa.

Para ouvir durante a leitura

The First Waltz de Ilan Eshkeri, feita especialmente para a trilha sonora do filme "A jovem Victória"
Pintura: "A valsa vienense" de Vladimir Pervunensky

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A menina e o silêncio

A mãe sempre dizia que era uma criança diferente. Não fazia barulho quando estava sozinha e, por vezes preocupada, a mãe vinha ver se a pequena menina estava bem. A mãe compreendeu que a filhinha, apesar de ser uma criança falante e alegre, precisava de seus momentos de silêncio e passou a não se preocupar.
A menina crescia dessa maneira: falante e extrovertida, porém com os seus momentos de silêncio, que para os outros membros da família eram confundidos com tristeza ou mesmo fome. Passava algumas horas sozinha e gostava daquilo. Aquilo a tranquilizava, acalmava seu coração.
Aqueles momentos eram como se fossem conversas com Deus. Conversas silenciosas, profundas e cheias de amor, conversas nas quais a menina podia ser sincera, podia ficar brava, podia dividir as inquitações e preocupações diárias que carregava em seu jovem coração. Por vezes chorava, por vezes doía e todas às vezes, mesmo em sem que uma palavra saisse de seus lábios, era confortada, renovada, ficava em paz.

domingo, 8 de maio de 2011

Assim caminha a humanidade...

Twittando agora pouco com um amigo, escrevi as seguintes palavras: "Qual será a notícia da semana? Qual será a nova tragédia que meus olhos hão de ver e meus ouvidos doer de ouvir?" e ele me chamou de pessimista. Será que de fato sou ou me acostumei a esperar o pior da humanidade? Triste, deveras triste, mas o fato é que vivemos de tragédia em tragédia, de catástrofe em catástrofe, de morte em morte. Nada nos choca, nada nos abala. Nos acostumamos com o feio, com o ruim que quando algo como o casamento de outrém ocorre e é um evento mundial, ficamos bravos, pois queriamos ver o que de fato está acontecendo, ou seja, qual a tragédia do momento. Sim, somos assim.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Por que meus olhos se encheram de água?

Domingo. Não, já era segunda, creio eu. Já passava das 0h, quando uma vinheta de plantão interrompeu a programação da Globo News. Confesso que senti um calafrio sinistro percorrer minha espinha. Essa vinheta só poderia significar duas coisas: morte ou tragédia.
A notícia demorou-se algum tempo para ser processada por meus neurônios ainda preguiçosos do fim de semana: Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, foi morto pelos americanos. Por que meus olhos se encheram de água?
Minha memória volta no tempo. 2001. Setembro. Manhã do dia 11. Chocada, assisti sem entender àquelas imagens de aviões chocado-se contra duas torres muito altas, que depois vim a saber que era o World Trade Center, em Nova York. Tive medo. Vi pessoas desperadas, chorando, se jogando do prédio para se salvar e senti um clima de tensão crescente no mundo, sem entender muita coisa. Tinha 11 anos. Meus olhos se encheram de água.
Passei minha adolescência assistindo uma caçada pelo mundo atrás do suposto mandante do atentado, Osama Bin Laden. Passei metade da minha vida vendo a mídia mostrar os filhos de Ismael, os mulçumanos, como terroristas e fanáticos religiosos, quando na verdade, os mulçumanos são irmãos dos cristãos e judeus de todo o mundo pelas raízes históricas comuns que possuem.
No dia 11 de setembro de 2001, a História era feita sob meus olhos. Nunca sabemos quando isso acontece, quando somos expectadores da História ou talvez nunca temos noção de que a História de desenrola em nosso dia a dia. Só vamos entender a dimensão das coisas depois de ter passado.
Primeiro de maio de 2011 já pode ser considerada uma data importante. A presa foi encontrada e seus caçadores exultam com sua morte. Pergunto-me se seria esse o fim dessa história. Sei que não. Muito sangue ainda será derramado nessa trama e ainda hei de ter meus olhos cheios de água mais vezes, seja de alívio, dor ou compaixão.