quarta-feira, 8 de junho de 2011

Entre valsas e amores



Feche os olhos apenas por um instante e ouça. Não é uma valsa que toca? Numa calma serena, num ritmo cadenciado que faz o coração rodopiar. E logo na mente vem a imagem de um casal dançando com graça e leveza pela pista de dança. Ele trajado com um fraque e ela num vestido esvoaçante. Ali não são dois, mas um. Essa é a magia da valsa. Algo que talvez tenhamos perdido com o tempo, mas não é conveniente discutir isso agora.
Houve uma época em que o momento mais aguardado num baile, seja da alta sociedade ou dos menos abastados, era a valsa. Era o momento em que os jovens podiam conversar sem que estivessem os escutando. Era o momento que, entre a cadência suave da valsa e sussurros, surgiam paixões. Corações saltavam e faces tornavam rubras num instante. Olhares se encontravam. O toque, socialmente mal visto, ali não só era permitido como que obrigatório dentro de certos padrões, claro.
Por alguns instantes, entre o farfalhar das saias das senhoras e a música, o mundo parava e sumia ficando só o jovem casalzinho com os olhares tão fixos um no outro que pequenas faíscas poderiam ser vistas por um olho mais atento. E durante aquele sublime e majestoso momento, tão breve quanto a batida de um coração, no qual a jovem pouco abastada se tornava tão nobre quanto a princesa, se selava um acordo, um contrato de amor, que poderia perdurar pela vida ou até o final daquela valsa.

Para ouvir durante a leitura

The First Waltz de Ilan Eshkeri, feita especialmente para a trilha sonora do filme "A jovem Victória"
Pintura: "A valsa vienense" de Vladimir Pervunensky

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