sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quando mundo era o quintal da avó...

Para para olhar, por um instante eterno, o quintal da avó, e de repente, ouve novamente as vozes de crianças brincando numa tarde quente depois da escola. Eram três primos. Todos moravam ali.
O quintal, hoje tomado pelas bugigangas do tio, outrora foi o mundo daquelas crianças. Monstros eram mortos, lutas eram travadas, tudo ali. Naquele pequeno pedaço de terra da família.
Quando só as duas meninas decidiam brincar, cobriam o corredor com um lençol e ali erguia-se uma nova casa. Suas donas cuidavam dos filhos e da comida. Por vezes, aquela tenda-casa, virava um consultório, e a mais velha virava médica dos filhos da prima mais nova.
Então, caía a primeira gota e a avó dizia que lá vinha a chuva, para as meninas entrarem. A casa era rapidamente desmontada. Cada uma ia para sua casa. A prima mais velha, sozinha e a mais nova ia brincar com o irmão.
A chuva caía forte, mas o calor estava ali. A menina, a prima mais velha, via-se sozinha. Ia, então, procurar um novo mundo para visitar. E de repente, as ferramentas do tio eletrecista lhe atraiam para o mundo do desmontar. Passava horas ali.
O mundo era a casa da avó, onde ainda mora, mas não é mais seu mundo. Ali durante anos, foi dona do mundo, das situações. O quintal fora durante um bom tempo seu local de trabalho, sua selva, sua casa. Tantas vezes já salvará o seu mundo dos mais diversos perigos ali.
Mas a prima mais velha cresceu, assim como os seus primos. Seu mundo expandiu fronteiras, cresceu para além do velho quintal da velha casa. E o quintal ficou esquecido. Mato e bugigangas tomam o lugar das crianças.
A prima mais velha olha para o quintal e ao fechar os olhos, consegue ouvir e ver a si mesma ali. Defendendo seu mundo ao lado dos primos, irmãos de infância e por um instante pensa, se o mundo fosse aquele quintal, aquela casa...tudo seria mais fácil.

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